Mapas Conceituais
Okada (2003), refere que o pensamento humano é construído por redes e associações. Produz-se novos saberes em rede hipertextual, não é pensado linearmente. Um novo saber se conecta com um saber já construído podendo ser atualizado e até mesmo refutado. Tudo depende da nossa produção de sentidos, de como significamos. Assim sendo, o uso de mapas conceituais se constitui como um dispositivo fecundo para novas aprendizagens. A expressão da rede de pensamento – cartografia cognitiva – pode ser externalizada / internalizada / externalizada num movimento dinâmico como um "retrato hipertextual" da mente a partir dos mapas conceituais.
De acordo com Novak (1984) os mapas conceituais, enquanto ferramenta educacional, são uma forma de ajudar os estudantes e os educadores a ver os significados dos materiais de aprendizagem.
Novak, afirma que "toda situação educativa envolveria uma ação, cuja intenção seria uma troca de significados – para os quais seria necessário pensar – e de sentimentos entre o professor e o aprendiz" (apud Manrique, 2002: 3). Então, uma situação educativa abrangeria cinco elementos: aprendiz, professor, conhecimento, contexto e avaliação. As relações entre esses elementos podem ser representadas em um mapa conceitual. Novak e Gowin (1999 p. 31) definem um mapa conceitual como "um recurso esquemático para representar um conjunto de significados conceituais incluídos numa estrutura de proposições".
Na figura 1 pode-se visualizar um exemplo de mapa conceitual que trata do assunto em questão.
Figura 1 |
Por meio deste exemplo pode-se verificar como a visualização de um assunto se torna clara, simples, enfim visualiza-se como afirma Soto (2004) um recurso esquemático que apresenta um conjunto de significados conceituais incluídos numa estrutura de propostas.
A utilização de mapas conceituais permite uma aprendizagem significativa, o que pode ser afirmado também por Ausubel.
As teorias de Ausubel, Vygotsky e Piaget embasam esta técnica e demarcam a mudança de paradigma do modelo de aprendizagem mecânica para a aprendizagem significativa:
O aprendizado significativo acontece quando uma informação nova é adquirida mediante um esforço deliberado por parte do aprendiz em ligar a informação nova com conceitos ou proposições relevantes preexistentes em sua estrutura cognitiva. (Ausubel et al., 1978: 159)
Neste processo ocorre a interação do conhecimento existente e a modificação de sua estabilidade, aprimorando o conhecimento e reconstruindo seu significado. O mapa conceitual é uma ferramenta capaz de aprimorar o aprendizado.
A fundamentação teórica dos mapas conceituais decorre da teoria das redes semânticas que é basicamente uma representação visual do conhecimento, uma espécie de grafo orientado, etiquetado, geralmente conexo e cíclico cujo nós representam os conceitos e seus arcos, ligações (links), representam as relações entre os conceitos. (Amoretti e Tarouco, 2000:67).
Para expressar, elaborar, compartilhar, ajudar melhorar e atender as suas criações, alunos e professores, utilizam as ferramentas.
Os mapas propiciam a visualização de uma estrutura conceitual e suas diversas relações. Além disso, facilitam a navegação e permitem estabelecimento de outras conexões. (Okada et al, 2003: 5)
Por meio desta aprendizagem ocorre a interação do conhecimento existente e a modificação de sua estabilidade, aprimorando o conhecimento e reconstruindo seu significado.
Os Mapas Conceituais apresentam possíveis estratégias facilitadoras e podem simbolizar a estrutura conceitual do conhecimento do indivíduo. São representações gráficas de um texto específico que tem por finalidade relacionar conceitos e transformar o texto escrito em um texto visual. São caracterizados por objetos (representados por figuras geométricas) e palavras ou frases de ligação, sendo estas colocadas entre os objetos a fim de dar sentido aos mesmos. As frases e as palavras de ligação são as principais características que os diferenciam de outras formas de representação visual.
Para Lima (2004: 2) o mapa conceitual é:
Uma forma de diagrama especificamente direcionado para fornecer uma linguagem visual parecida com as características da linguagem natural do texto, no sentido de que eles possam estar sujeitos às limitações sintática e semântica, e sua capacidade de representação pode variar de uma forma muito informal a uma forma extremamente formal.
É válido salientar que não existe Mapa Conceitual "correto", cada aprendiz externalizará seus conceitos de maneira única, resultado da reflexão da sua própria maneira de ver, sentir e agir.
Os mapas conceituais têm por objetivo representar relações significativas entre os conceitos na forma de proposições. Ou seja, um mapa conceitual é um recurso de representação esquemática por meio de uma estrutura bidimensional de proposições.
É uma ferramenta pedagógica capaz de evidenciar significados, levando os conceitos a se tornarem um conjunto, uma teia que se forma a partir das relações entre estes conceitos que evoluem o cognitivo de quem o utiliza.
3. CONSTRUÇÃO E BENEFÍCIOS
A sua construção pode ser elaborada por meio de softwares próprios (Cmaptools, Inspiration, Kidsinspiration, C-tools e Axon), em folhas de papel e editores de texto; envolve alguns itens como: leitura de textos, escolha e agrupamento de conceitos e a utilização de setas-direção.
O processo de construção do mapa conceitual envolve etapas semelhantes às da análise facetada: (a) seleção: escolha do assunto e identificação das palavras-chave ou frases relacionada; (b) ordenação: organização de conceitos do mais abstrato para o mais concreto; (c) agrupamento: reunir conceitos em um mesmo nível de abstração e com forte interelacionamento; (d) arranjo: organização de conceitos na forma de um diagrama; (e) link e preposição: conexão de conceitos com linhas e nomeação de cada linha com uma proposição. (Lima, 2004:7)
Este recurso resume e representa a informação com mais agilidade além de propiciar o desenvolvimento de estratégias. O uso do Mapa Conceitual apresenta diversos benefícios: estimular o desenvolvimento cognitivo e criativo; envolver ambos os hemisférios cerebrais (analítico e criativo); ajudar na revelação das falhas e compreensão; promover o pensamento reflexivo; organizar o conhecimento; auxiliar na habilidade intelectual e estratégica e promover o desenvolvimento lingüístico. Para Torres e Marriott (2006a: 2)
Os mapas conceituais pela sua construção cuidadosa demandam concentração e raciocínio e estimulam os dois lados do cérebro, o analítico e o criativo, ajudando o aluno a atingir um nível elevado de cognição já que o conhecimento organizado (e não amontoado) facilita a assimilação, a retenção e a recuperação da informação, promovendo o processamento da informação da memória de curto prazo (ou memória imediata - que tem um limite de capacidade de processamento de apenas cinco a nove unidades) para a memória de longo prazo.
Um mapa de conceitos vai além do esquema convencional: mostrando as relações entre os próprios conceitos, incluindo relações bidirecionais, é constituído por nós (normalmente círculos onde se inscrevem os conceitos) e ligações (linhas) que representam as relações entre os conceitos.
Como vantagens do mapa conceitual podemos citar (a) a definição de uma idéia central, através do posicionamento do assunto no centro do diagrama; (b) a clara indicação da importância relativa de cada idéia; (c) a facilidade para encontrar os links entre as idéias-chave; (d) a visão geral de toda a informação básica numa mesma página; (e) e em decorrência, revocação e revisão mais eficientes; (f) a inserção de novas informações sem atrapalhar a estrutura informacional; (g) a facilidade para acessar a informação em diferentes formatos e diferentes pontos de vista; (h) a facilidade de compreensão da complexidade de relações entre as idéias; (i) a facilidade para se verificar contradições, paradoxos e falhas no material organizado. (Lima, 2004: 7)
Segundo Harpold (apud Okada, 1999: 2) os mapas nunca são meramente descritivos, eles são dispositivos heurísticos que localizam informações particulares. São embutidos de valores e julgamentos dos indivíduos que o constroem, o reflexo da cultura que eles vivem. Assim, os mapas, estão situados dentro de um contexto histórico e refletem objetivos hegemônicos.
Os mapas conceituais também têm sido utilizados para realizar a avaliação da aprendizagem, pois professores e alunos podem organizar seu trabalho relacionando conceitos, analisando conteúdos e evidenciando a forma pela qual a construção do conhecimento foi realizada. Esta ferramenta de avaliação é tanto somativa quanto formativa sendo na formativa sua maior relevância.
São úteis também na elaboração de materiais didáticos. Possibilitam planejar e desenvolver pesquisas e trabalhos tanto a nível individual quanto coletivo tendo uma forte característica ao chamado trabalho colaborativo.
O uso desta tecnologia não garante a melhoria da educação, mas a utilização correta pode potencializar o aprendizado.
5. BREVES CONSIDERAÇÕES
Levando em consideração que no processo ensino/aprendizagem ferramentas que propiciem melhorias neste âmbito são muito importantes, os mapas conceituais têm seu valor e devem ser explorados como uma maneira alternativa de estruturar a informação.
É uma ferramenta capaz de identificar e simplificar o entendimento de uma informação em diversas ocasiões. Por permitir uma maior organização das informações levam o aluno a um maior envolvimento na aprendizagem, pois o discente constrói representações e elabora conclusões.
Fator que permite ao professor avaliar sua atitude enquanto educador, bem como formular metas para potencializar o processo ensino/aprendizagem. Por meio dos mapas conceituais produzidos pelos alunos pode-se avaliar os objetivos educacionais.
Como recurso didático, o uso do mapa conceitual estimula o indivíduo a aplicar e a sistematizar os conhecimentos prévios, associando-os ao novo conhecimento podendo ser trabalhado em grupo, desta forma, compartilhando seu significado e complementando-o.
6. REFERÊNCIAS
- AMORETTI, Maria Suzana Marc, TAROUCO, Liane Margarida Rockenbach. Mapas Conceituais: modelagem colaborativa do conhecimento. Informática na Educação: Teoria e Prática, 2000, V.3, nº1, setembro.
- FERREIRA,A. B. H.; Dicionário da língua portuguesa. 1993, 3 ed; Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro.
- LIMA, G. A. B.; Mapa Conceitual como ferramenta para organização do conhecimento em sistema de hipertextos e seus aspectos cognitivos. Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte, 2004, v.9 n.2, p. 134-145, jul./dez..
- MANRIQUE, Ana Lucia. A afetividade manifestada por professores participantes de um processo de formação em geometria. 2002. São Paulo.
- MOLINA, A, et al. Potencializar a capacidade de aprender e pensar. 2006. São Paulo: Madras.
- MOREIRA, Marco Antonio. A Teoria de Educação de Novak e o modelo de ensino-aprendizagem de Gowin. 1993.Fascículos do CIEF, Série Ensino-Aprendizagem, Porto Alegre: IF/UFRGS, n. 4, p. 1-18.
- NOVAK, J.D., & GOWIN, D.B. (1984). Learning how to learn. New York, N.Y.: Cambridge University Press. (traduzido em Português pela Plátano,1999)
- NOVAK, Joseph D., GOWIN, D. Bob. Aprender a aprender.1999. Tradução de Carla Valadares. 2. ed. Portugal: Plátano Edições Técnicas. 212p.
- OKADA, A.; et al; Mapeando informação, trilhando e construindo redes de significados: notas sobre uma experiência de pesquisa e docência em
- educação online. (www.4momentos.com.br). Acesso em 06/09/2006.
- OKADA, A.; et al; Um guia para construção do conhecimento em ambientes virtuais de aprendizagem. (www.4momentos.com.br). Acesso em 06/09/2006.
- SILVEIRA, Felipa Pacifico Ribeiro de Assis. A Aprendizagem Significativa Na Formação de Professores de Biologia: O Uso De Mapas Conceituais. São Paulo-SP.
- SOUZA, Renato Rocha. Usando Mapas Conceituais na Educação Informatizada Rumo a um Aprendizado Significativo. Arquivo pdf, acessado em 06/09/2006. SOTO, B. D. G. El Uso de Mapas Conceptuales Como Técnica de Aprendizaje En La Algoritmia. In: CANÃS, A.J., NOVAK, J. D. E GONZÁLEZ, F. M., Concept Maps:Theory, Methodology, Technology. Proceeding of the First International Conference on Concept Mapping. volume 2, Pamplona:2004.
- TAVARES, Romero. I Colóquio Internacional de Políticas Curriculares – novembro,2003 - João Pessoa – PB.
- TAVARES, Romero. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO.Aprendizagem significativa e o ensino de ciências. Paraíba, 2005.
- TORRES, Patrícia Lupion. MARRIOTT, Rita de Cássia Veiga. Tecnologias educacionais e educação ambiental: uso de mapas conceituais no ensino e na aprendizagem. 2006. Curitiba: FAEP, 60p.
- TORRES, Patrícia Lupion. MARRIOTT, Rita de Cássia Veiga. Mapas conceituais e sua aplicação no Ensino de línguas. 2006 a. No prelo.
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